Paraná realiza primeiro transplante de pulmão no Estado 19/12/2019 - 17:00
“O Estado do Paraná se mantém em uma posição de liderança constante nos rankings nacionais e internacionais de doações e transplantes de órgãos. Para nós é um imenso orgulho podermos contar com a generosidade e amor dos paranaenses que continuam doando e fazendo com que o Estado seja referência em salvar e melhorar a qualidade de vida de tantas pessoas”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Reinaldo Ferreira de Goes, 57 anos, estava há dois anos na fila de espera por um pulmão. Esposa e mãe de seus quatro filhos, Valdelice Goes percorreu mais de 73 quilômetros da Lapa até Curitiba com o marido para realizar a cirurgia na última terça-feira (17). “Ele teve um enfisema pulmonar que desencadeou esse quadro mais grave de dificuldade de respirar por falta de oxigênio. Tenho cuidado dele desde então. Estávamos na fila e colocamos nas mãos de Deus, foi uma surpresa quando nos ligaram”, comentou.
Até o momento o Paraná não tinha o serviço de transplante de pulmão credenciado. Este transplante tem peculiaridades distintas dos demais procedimentos. O médico Frederico Barth, responsável técnico do Serviço de Transplante Pulmonar do HAC, explica o processo. “É complexo e tem algumas particularidades fundamentais para a recuperação pós-cirúrgica. Além da compatibilidade sanguínea, os pulmões doados devem estar sem sinais de infecção ou indícios de lesões por trauma, e serem compatíveis em tamanho com o receptor. Esses detalhes são fundamentais, por isso a importância da conscientização e busca no aumento das doações de órgãos”.
Sobre o avanço nesta aérea, Barth explica as medidas que o hospital tomou para poder realizar este fato inédito. “Há cerca de dois anos, o hospital teve o credenciamento do Ministério da Saúde para esse tipo de transplante. Desde então passamos por vários processos para que estivéssemos aptos. Isso incluiu o treinamento dos profissionais, capacitações hospitalares, aquisições de materiais específicos e a preparação dos pacientes para a cirurgia”, finalizou.
DADOS – Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no ano passado foram realizados 121 transplantes de pulmão no país e de janeiro a setembro deste ano, 72. Apenas três Estados estavam aptos para o procedimento (São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará), somando seis equipes atuantes.
Uma série histórica divulgada pela instituição aponta que em dez anos o Brasil realizou 856 transplantes deste tipo. Ainda segundo a ABTO, 199 pessoas aguardam na fila de espera por um pulmão no país, oito são do Paraná.
TRANSPORTE AÉREO – Para que tudo isso fosse possível, o órgão precisou ser transportado de Foz do Iguaçu até a capital do Estado pelo helicóptero do Governo em uma ação integrada da Divisão de Transporte Aéreo da Casa Militar e Grupo de Operações Aéreas da Polícia Civil do Paraná (GOA/PCPR) e articulada em apoio ao Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR).
A coordenadora do SET/PR, Arlene Terezinha Cagol Garcia Badoch, explica o motivo da necessidade de apoio aéreo em casos como este. “O tempo de isquemia do pulmão é similar a um transplante cardíaco, de quatro a seis horas no máximo, por isso a necessidade de transportarmos o órgão imediatamente o quanto antes”.
RECUPERAÇÃO – Segundo informações do HAC, o paciente está se recuperando bem após a cirurgia e já respira sem auxílio de equipamentos. Ele permanece em observação e cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.
HISTÓRIA – Fundado em 2000, o Hospital Angelina Caron é um centro médico-hospitalar de referência no Sul do Brasil e um dos maiores parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná, realizando anualmente, 2,07 milhões de procedimentos em pacientes de todo o país, sendo 93% pelo SUS. Atua em todas as vertentes da medicina e é um centro tradicional de fomento ao ensino e à pesquisa. O Serviço de Transplantes de Órgãos é um dos mais destacados, reconhecido internacionalmente, o HAC realizou 252 transplantes em 2018. Segundo dados do SET, o hospital foi a instituição com mais procedimentos feitos no Estado.
FOTO: Equipe médica comandada por Frederico Barth - Divulgação Hospital Angelina Caron