Prevenção diminui acidentes causados por aranhas marrons 14/02/2019 - 12:20
Do início do ano até agora, já foram registrados 203 casos. Os períodos de calor propiciam uma maior frequência de picadas de aranhas, pois as altas temperaturas aumentam o metabolismo destes animais, que se movimentam mais em busca de alimento e de um parceiro para reprodução.
"Essa movimentação aumenta também o encontro entre homem e animal, e com isso acontecem mais acidentes no período do verão, não só com aranhas, mas também com serpentes, escorpiões e lagartas", afirma Emanuel Marques da Silva, biólogo da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA e coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos.
As aranhas marrons procuram abrigo em locais secos, quentes e escuros, pois não suportam claridade. À noite, ela sai para caçar, em busca de alimento e da água que ele contém.
Cuidados – O controle químico (com inseticidas) não é recomendado na eliminação de animais peçonhentos, até para não intoxicar seres humanos e outras espécies. O mais apropriado é fazer o manejo ambiental, com práticas simples que devem ser adotadas dentro das residências. "É preciso eliminar os quatro 'As' que garantem a sobrevivência desses animais: abrigo, acesso ao abrigo, alimento e água. Quando eliminamos qualquer um desses quatro 'As', estamos alterando o ambiente natural dele", afirma o biólogo.
O acesso a abrigos da aranha-marrom podem ser as frestas de casas em paredes, rodapés, caixilhos de portas, que devem ser fechados com massa corrida ou outro material apropriado. "Isso vai diminuir a presença destes animais, pois não terão onde se esconder, e assim podem ser abatidos mais facilmente. Diminuindo a população, eles se reproduzem menos e infestam em menor quantidade as residências", afirma Emanuel.
Viagem – O biólogo também chama a atenção para os períodos de férias, quando as pessoas voltam de viagem. É recomendado que os moradores vistoriem a casa logo após regressarem, em especial dentro de sapatos e em roupas e toalhas encostadas em paredes ou no chão, que podem ser esconderijos de aranhas marrons.
É importante também organizar materiais que estejam em caixas de papelão, livros velhos e outros objetos acumulados que podem se tornar abrigos para elas. O mesmo vale para materiais de construção fora de casa. Tábuas devem ficar em pé, e não deitadas; assim como tijolos e telhas, que além de ficarem na posição vertical, devem estar a pelo menos 20 centímetros do solo, em um estrado ou outro suporte. Com estas medidas de manejo ambiental, as pessoas também não se intoxicam com produtos químicos.
Soro – Em caso de picada da aranha, a orientação é lavar o local do ferimento com água e sabão para mantê-lo limpo; não cobrir a ferida e nem fazer qualquer outro procedimento. Uma Unidade de Saúde deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor vai ser a evolução do quadro, com a medicação adequada.
Em situações mais graves, a vítima poderá ser encaminhada para um hospital. Caso seja necessário, o paciente será feita uma soroterapia, mas este tratamento não ocorre com muita frequência. "Menos de 5% dos casos de picada de aranha-marrom necessitam do uso do soro antiaracnídico ou soro antiloxoscélico, e somente um médico vai poder avaliar a necessidade", afirma Emanuel da Silva. Apenas a rede SUS tem o soro disponível, que não é encontrado em hospitais particulares e não é comercializado.
Se for possível, o paciente deve levar a aranha capturada em um recipiente, esteja ela viva ou morta, para ajudar o médico na identificação do animal causador e agilizar o tratamento (isso vale também para ocorrências com escorpiões, lagartas ou outras espécies peçonhentas). Caso esteja morta, é preciso colocar um pouco de álcool no recipiente para preservar o animal, que se deteriora muito facilmente.