Câncer

Câncer (ou tumor maligno) é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e podem invadir órgãos vizinhos e até distantes da origem do tumor (metástases). O câncer é causado por mutações, que são alterações da estrutura genética (DNA) das células. Cada célula sadia possui instruções de como devem crescer e se dividir. Na presença de qualquer erro nestas instruções (mutação), pode surgir uma célula doente que, ao se proliferar, causará um câncer.   O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo. Entretanto, alguns órgãos são mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos.

A incidência, a morbidade hospitalar e a mortalidade são medidas de controle para a vigilância epidemiológica que permitem analisar a ocorrência, a distribuição e a evolução das doenças. Conhecer informações sobre o perfil dos diferentes tipos de câncer e caracterizar possíveis mudanças de cenário ao longo do tempo são elementos norteadores para ações de Vigilância do Câncer - componente estratégico para o planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de câncer no Brasil. A base para a construção desses indicadores são os números provenientes, principalmente, dos Registros de Câncer e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS).

 

Incidência estimada conforme a localização primária do tumor e sexo

 

Em homens, Brasil, 2020

Localização Primária Casos Novos %
Próstata 65.840 29,2
Cólon e Reto 20.540 9,1
Traqueia, Brônquio e Pulmão 17.760 7,9
Estômago

13.360

5,9
Cavidade Oral 11.200 5,0
Esôfago 8.690 3,9
Bexiga 7.590 3,4
Laringe 6.470 2,9
Leucemias 5.920 2,6
Sistema Nervoso Central 5.870 2,6
Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma 225.980 100,0
Todas as Neoplasias 309.750

 

Em mulheres, Brasil, 2020

Localização Primária Casos Novos %
Mama feminina 66.280 29,7
Cólon e Reto 20.470

9,2

Colo do útero

16.710

7,5
Traqueia, Brônquio e Pulmão 12.440 5,6
Glândula Tireoide 11.950 5,4
Estômago 7.870 3,5
Ovário 6.650 3,0
Corpo do útero 6.540 2,9
Linfoma não-Hodgkin 5.450 2,4
Sistema Nervoso Central 5.230 2,3
Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma 223.110 100,0
Todas as Neoplasias 316.280

 

Atlas de mortalidade por câncer

 

Mortalidade conforme a localização primária do tumor e sexo

 

Em homens, Brasil, 2019

Localização Primária Óbitos %
Traqueia, Brônquios e Pulmões 16.733 13,8
Próstata 15.983 13.1
Cólon e Reto 10.191 8,4
Estômago 9.636 7.9
Esôfago 6.802 5,6
Fígado e Vias biliares intrahepáticas 6.317 5,2
Pâncreas 5.905 4,9
Cavidade oral 5.120 4,2
Sistema Nervoso Central 5.049 4,1
Leucemias 4.014 3,3
Todas as neoplasias 121.686 100,0

 

Em mulheres, Brasil, 2019

Localização Primária Óbitos %
Mama 18.068 16,4
Traqueia, Brônquios e Pulmões 12.621 11,4
Cólon e Reto 10.385 9,4
Colo do útero 6.596 6,0
Pâncreas 5.893 5,3
Estômago 5.475 5,0
Sistema Nervoso Central 4.663 4,2
Fígado e Vias biliares intrahepáticas 4.584 4,2
Ovário 4.123 3,7
Leucemias 3.356 3,0
Todas neoplasias 110.344 100,0

 


 

Tipos de câncer

 

Existem mais de 100 tipos de câncer, que correspondem aos vários tipos de células presentes no corpo humano. O câncer de pele, por exemplo, tem vários tipos, uma vez que a pele é composta por mais de um tipo de célula.

Cada tipo de câncer traz sintomas e necessita de tratamentos específicos, conforme cada caso. Abaixo, os principais e mais comuns tipos de câncer.

  • Câncer anal
  • Câncer da bexiga
  • Câncer de boca
  • Câncer colorretal
  • Câncer do colo do útero
  • Câncer do esôfago
  • Câncer do estômago
  • Câncer do fígado
  • Câncer infantil
  • Câncer de laringe
  • Leucemia
  • Linfoma de Hodgkin
  • Linfoma não-Hodgkin
  • Câncer de mama
  • Câncer do ovário
  • Câncer de pâncreas
  • Câncer de pele melanoma
  • Câncer de pele não melanoma
  • Câncer do pênis
  • Câncer de próstata
  • Câncer do pulmão
  • Câncer do testículo
  • Tumores de Ewing

 

Se o câncer tiver início em tecidos epiteliais, como a pele ou mucosas, é conhecido como carcinoma. Se começar em tecidos conjuntivos, como ossos, músculos ou cartilagens, é chamado de sarcoma. 

Outra característica que diferencia os diversos tipos de câncer existentes são a velocidade de multiplicação das células doentes e a capacidade que elas têm de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes, fenômeno conhecido como metástase.

 

ATENÇÃO: Informe-se sobre o tipo de câncer que está sendo tratado. Conhecer mais sobre a doença ajuda a compreender melhor o que o outro está passando.

 


 

O que causa o câncer

 

O câncer não tem uma causa única. Há diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao surgimento do câncer.

Entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas. As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os hábitos e o comportamento podem aumentar o risco de diferentes tipos de câncer. 

Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente de trabalho (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (formas de agir e de se comportar). Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores alteram a estrutura genética (DNA) das células.

As causas internas estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação dos tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos. 

Existem ainda alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais suscetíveis à ação dos agentes cancerígenos ambientais. Isso parece explicar porque algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno. 

O envelhecimento natural do ser humano traz mudanças nas células, que as tornam mais vulneráveis ao processo cancerígeno. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica, em parte, o porquê de o câncer ser mais frequente nessa fase da vida.

 


 

Fatores de risco

 

O termo "risco" é usado para definir a chance de uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver uma doença. Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença são chamados fatores de risco.

O mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias.

Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre álcool, tabaco, e o câncer da cavidade oral.

Nas doenças crônicas, como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de uma exposição única (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no caso da radiação solar ou tabagismo) aos fatores de risco. A exposição solar prolongada sem proteção adequada durante a infância pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto.

Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural.

 


 

Hábitos que podem causar câncer

 

  • Tabagismo
  • Hábitos Alimentares
  • Alcoolismo
  • Hábitos Sexuais
  • Medicamentos
  • Fatores Ocupacionais
  • Radiação solar

 


 

Fatores de risco de natureza ambiental para desenvolvimento do câncer

 

Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos), além do ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).

 


 

Fator Hereditariedade no câncer

 

São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor. Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros.

 

IMPORTANTE: Boas doses de amor e apoio são fundamentais para manter o otimismo, a saúde emocional e a vontade de controlar o câncer. Se você tem um(a) amigo(a) ou parente passando por essa situação, dê todo o apoio necessário.

 


 

Diagnóstico precoce do câncer

 

Detecção precoce é uma forma de prevenção secundária e visa a identificar o câncer em estágios iniciais. Existem duas estratégias de detecção precoce: o diagnóstico precoce e o rastreamento.

O objetivo do diagnóstico precoce é identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais da doença, primando pela qualidade e pela garantia da assistência em todas as etapas da linha de cuidado da doença. O diagnóstico precoce, portanto, é uma estratégia que possibilita terapias mais simples e efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de apresentação do câncer. Assim, é importante que a população em geral e os profissionais de saúde reconheçam os sinais de alerta dos cânceres mais comuns, passíveis de melhor prognóstico se descobertos no início. A maioria dos cânceres é passível de diagnóstico precoce mediante avaliação e encaminhamento após os primeiros sinais e sintomas.

Já o rastreamento é uma ação dirigida à população sem sintomas da doença, que tem o intuito de identificar o câncer em sua fase pré-clínica. Atualmente, apenas há a indicação de rastreamento aos cânceres de mama e do colo do útero.

 

IMPORTANTE: Lembre-se de que o câncer não pega. Você pode tocar e abraçar as pessoas.

 


 

Como prevenir o câncer?

 

A prevenção primária engloba ações realizadas para evitar a ocorrência da doença e suas estratégias são voltadas para a redução da exposição aos fatores de risco. Os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do câncer são: atividade física, tabagismo, alimentação, peso corporal, hábitos sexuais, fatores ocupacionais, bebidas alcoólicas, exposição solar, radiações e medicamentos.

Ações que ajudam a prevenir o câncer

  • Não fume! 
    • Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer, principalmente os de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar e de poluir o ambiente é fundamental para a prevenção do câncer. 
  • Alimentação saudável protege contra o câncer
    • A alimentação deve ser variada, equilibrada, saborosa, respeitar a cultura e proporcionar prazer e saúde. Frutas, legumes, verduras, cereais integrais e feijões são os principais alimentos protetores. Comer esses alimentos diariamente pode evitar o desenvolvimento de câncer. 
  • Mantenha o peso corporal adequado
    • Estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver câncer. Por isso, é importante controlar o peso por meio de uma boa alimentação e manter-se ativo. Cerca de um terço de todos os casos de câncer podem ser evitados com alimentação saudável, manutenção de peso corporal adequado e exercícios físicos.
  • Pratique atividades físicas diariamente
    • A atividade física consiste na iniciativa de se movimentar, de acordo com a rotina de cada um. Você pode, por exemplo, caminhar, dançar, trocar o elevador pelas escadas, levar o cachorro para passear, cuidar da casa ou do jardim. 
  • Amamente
    • O aleitamento materno é a primeira alimentação saudável. A amamentação exclusiva até os seis meses de vida protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil. A partir de então, deve-se complementar a amamentação com outros alimentos saudáveis até os dois anos ou mais.
  • Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer um exame preventivo ginecológico a cada três anos
    • As alterações das células do útero são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame. Tão importante quanto fazer o exame é saber o resultado e seguir as orientações médicas. 
  • Evite a ingestão de bebidas alcoólicas
    • Seu consumo, em qualquer quantidade, contribui para o risco de desenvolver câncer. Além disso, combinar bebidas alcoólicas com o tabaco aumenta a possibilidade do surgimento da doença.
  • Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar, inclusive nos lábios
    • Se for inevitável a exposição ao sol durante a jornada de trabalho, use chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida.
  • Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos
    • O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, desde 2014, a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A vacinação e o exame preventivo (Papanicolaou) se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas, quando chegarem aos 25 anos, deverão fazer um exame preventivo a cada três anos, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV.

 


 

Materiais de Apoio

 

 


FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE / INCA / SESA