Esquistossomose
Esquistossomose CID10: B65.9
A esquistossomose é uma doença parasitária, causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, cujas formas adultas habitam os vasos mesentéricos do hospedeiro definitivo (homem) e as formas intermediárias se desenvolvem em caramujos gastrópodes aquáticos do gênero Biomphalaria. Trata-se de uma doença, inicialmente assintomática, que pode evoluir para formas clínicas extremamente graves e levar o paciente a óbito. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e a sua evolução, conferem a esquistossomose uma grande relevância como problema de saúde pública.
A maioria dos portadores são assintomáticos. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas, como:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Calafrios;
- Suores;
- Fraqueza;
- Falta de apetite;
- Dor muscular;
- Tosse;
- Diarreia.
Alguns pacientes evoluem para formas crônicas da doença que podem iniciar a partir do sexto mês após a infecção, podendo durar vários anos. Podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam a depender da localização e intensidade da carga parasitária, da capacidade de resposta do indivíduo ou do tratamento instituído. Apresenta-se nas seguintes formas clínicas:
- Hepatointestinal;
- Hepática;
- Hepatoesplênica;
- Hepatoesplênica compensada;
- Hepatoesplênica descompensada;
- Outras localizações – são formas que aparecem com menos frequência. As mais importantes localizações encontram-se nos órgãos genitais femininos, testículos, na pele, na retina, tireoide e coração, podendo aparecer em qualquer órgão ou tecido do corpo humano, uma vez que a esquistossomose mansoni é considerada uma doença granulomatosa.
- Forma pseudoneoplásica – a esquistossomose pode provocar tumores que parecem neoplasias e, ainda, apresentarem doença linfoproliferativa.
IMPORTANTE: Em alguns casos, o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho.
Agente etiológico
O agente etiológico da esquistossomose é o Schistosoma mansoni, um helminto pertencente à classe dos Trematoda, família Schistosomatidae e gênero Schistosoma. São vermes digenéticos (organismos que, no decorrer do seu ciclo biológico, passam por formas de reprodução sexuada e assexuada), delgados, de coloração branca e sexos separados (característica desta família), onde a fêmea adulta é mais alongada e encontra-se alojada em uma fenda do corpo do macho, denominada de canal ginecóforo.
Reservatório
No ciclo da doença estão envolvidos dois hospedeiros, um definitivo e outro intermediário.
Hospedeiro definitivo
O homem é o principal hospedeiro definitivo e nele o parasita apresenta a forma adulta, reproduz-se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas naturais (córregos, riachos, lagoas) ou artificiais (valetas de irrigação, açudes e outros).
Hospedeiro intermediário
O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto. Os planorbídeos são caramujos pulmonados e hermafroditas, que habitam coleções de água doce com pouca correnteza ou parada. No Brasil, as espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila estão envolvidas na disseminação da esquistossomose. No estado do Paraná estas três espécies podem ser encontradas.
Modo de Transmissão
O Indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas, denominadas miracídios, que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários, que vivem nas águas doces. Após quatro semanas as larvas abandonam o caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas. O contato dos seres humanos com essas águas é a maneira pela qual é adquirida a doença.
Período de incubação
Em média, é de duas a seis semanas após a infecção, período que corresponde desde a fase de penetração e desenvolvimento das cercarias, até a instalação dos vermes adultos no interior do hospedeiro definitivo.
Período de transmissibilidade
A transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do contato direto, homem→ doente→ homem suscetível. Também não ocorre “auto-infecção. O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni a partir de 5 semanas após a infecção e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 anos.
Os hospedeiros intermediários começam a eliminar cercarias após 4 a 7 semanas da infecção pelos miracídios. Os caramujos infectados eliminam cercarias por toda a vida, que é aproximadamente de um ano.
Diagnóstico
O diagnóstico da esquistossomose é feito por meio de exames laboratoriais de fezes, através do qual é possível detectar os ovos do parasita causador da doença. Pode ser solicitado também, teste de anticorpos para verificar sinais de infecção.
Características epidemiológicas
No Paraná, a esquistossomose tem transmissão localizada em alguns municípios do norte do estado.
Distribuição da esquistossomose segundo percentual de positividade em inquéritos coproscópicos – Brasil, 2012
Tratamento
O tratamento da esquistossomose, para os casos simples, é em dose única feito por meio do medicamento Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.
Nos casos mais graves, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água.
Notificação
É doença de notificação compulsória em áreas não endêmicas; e todos os casos diagnosticados nas áreas indenes e vulneráveis, bem como nas áreas com focos, onde inclui-se o estado do Paraná, também devem ser notificados.
Prevenção e Controle
A prevenção da esquistossomose consiste em evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. O controle da esquistossomose é baseado no tratamento coletivo de comunidades de risco, acesso a água potável e saneamento básico e educação em saúde.
IMPORTANTE: Ainda não há vacina contra a esquistossomose.
A esquistossomose, se não tratada, pode matar.